Informações sobre o projeto

sexta-feira, 4 de março de 2011

Há alguns anos, um grupo de alunos universitários, interessados em História Medieval, têm pesquisado seriamente a forja de armaduras, técnicas de combates e histórias de cavalaria medieval. Os resultados desta pesquisa foram muitos: a construção de armaduras medievais, o treinamento de lutas marciais e a divulgação deste trabalho em escolas do Estado de Santa Catarina. A partir de 2010, com a chegada da Professora Aline Dias da Silveira no Departamento de História este grupos de alunos passou a contar com o apoio da docente, que viabilizou a exposição do trabalho na Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPEX).

Réplicas históricas e funcionais de armaduras
medievais

O projeto que apresentamos busca levar oficinas de vivência e observação a alunos das escolas da região da Grande Florianópolis. Estas oficinas são construídas a partir da pesquisa e da experiência acumulada, visando trabalhar a interdisciplinaridade do conhecimento por meio da história material e da história das idéias. Além da interdisciplinaridade, as oficinas terão como eixo a discussão de práticas de tolerância e intolerância, harmonia e convivência com o outro. O foco temático jaz sobre a vida do cavaleiro medieval, principalmente da forma como se desenvolveu a partir do século XIII até o século XIV, abordando elementos de seu vestuário, armas utilizadas em combate e alguns dos desafios que se apresentavam ao indivíduo deste período da História.

Objetivos:
  • Levar a discussão de conceitos e práticas de tolerância e intolerância entre os jovens. A violência escolar e familiar é uma questão séria em nossa sociedade. Muitos destes jovens vivenciam o fato da força ser usada para oprimir, para gerar violência e medo. O ideal dos cavaleiros medievais, segundo as pesquisas sobre as quais se sustenta este projeto, era o de que a força pode ter direção, propósito e ser utilizada a serviço da paz e a serviço do outro, ao invés dos próprios interesses. Discutir esse ideal faz parte, então, da proposta e dos objetivos deste trabalho.
  • Tornar o estudo da história algo agradável e mais acessível à comunidade, buscando desconstruir preconceitos estabelecidos através do senso comum.
  • Tecer mais um vínculo entre a UFSC com a comunidade. A visitação às escolas poderá mostrar um lado prático e funcional sob uma perspectiva pouco trabalhada da disciplina história. É marcante a presença de um "cavaleiro" vestido em armadura, andando pelo pátio em direção a sala de aula, mais tarde explicando o funcionamento do seu equipamento ou contando episódios marcantes dos anais de cavalaria. O dia se torna "especial" não só para as crianças e os jovens que estudam na escola, mas também para professores e funcionários.
  • Trabalhar conjuntamente com os professores escolares.
  • Divulgação dos resultados: elaboração de vídeo didático e publicação em periódicos especializados

Metodologia

Aspectos gerais:

Elaboração e realização de oficinas relacionadas ao tema supracitado. Estas oficinas consistem de uma parte prática, através da demonstração de lutas medievais, de tiros com arco e flecha, de movimentação com armaduras; e de uma parte voltada para uma maior interação com os alunos. Esta segunda parte varia segundo as circunstâncias e o trabalho feito junto aos professores da escola. Os participantes poderão manusear os equipamentos sob supervisão dos condutores da atividade seguindo estritamente as normas de segurança apresentadas logo no início do processo.

Aspectos específicos:

  • Realização de contato com escolas e agendamento das oficinas;
  • Montagem das oficinas, com o planejamento de atividades de acordo com o número de pessoas presentes, local disponível, público alvo (faixa etária, situação social) e a articulação das disciplinas envolvidas;
  • Transporte dos estudantes acadêmicos participantes e equipamento até o local onde será efetuada a atividade, chegando com uma antecedência de 30 minutos para preparação;
  • Apresentação do projeto. Antes de dar continuidade, são precisadas as normas de segurança.
  • As atividades-chave na montagem das oficinas constam da apresentação, do duelo simulado e da demonstração de arco. Depois, se inicia as atividades de interação com alunos e professores, a partir do programa discutido com os professores escolares.
  • As oficinas serão organizadas para possibilitar a abordagem interdisciplinar e o diálogo como com as seguintes disciplinas: Biologia - Em relação ao corpo humano, é possível mostrar como o estudo de anatomia era importante para que a armadura permitisse a movimentação do cavaleiro (muitas das articulações das armaduras são do mesmo tipo daquelas pertencentes aos membros correspondentes). Algumas partes da armadura são mais reforçadas, priorizando a proteção de certas regiões do corpo: pode-se ter aí uma forma de apresentar a posição de órgãos vitais; Física - O design das espadas, o alcance do arco (lançamento oblíquo), o funcionamento das artes medievais sob um prisma de lógica e cálculo, pois ao contrário do que o nome "Idade das Trevas" sugere, ocorreram muitos avanços técnicos em diversas áreas do conhecimento. Química - As técnicas utilizadas para preservar o metal que compõe os equipamentos, permitindo uma durabilidade estendida, em grande parte se deviam ao fato de se precisar retardar o desgaste pela oxidação (ferrugem); História: O estudo da época medieval, tanto no ensino fundamental, como no médio, indo até o superior, permite uma abordagem diferente para cada faixa etária, indo desde o lúdico (procurando gerar curiosidade e interesse), da associação com ícones modernos (jogos, livros e filmes), até uma discussão sobre informações aceitas como verdades e profundamente arraigadas em um imaginário, mas sem fundamentos de acordo com as fontes do período (guerreiros vikings usarem elmos com chifres, por exemplo). Ecologia e artes: Propor aos professores uma atividade conjunta, como um pequeno festival medieval, onde os alunos juntam caixas de leite para fazer os tijolos do castelo montado na porta da sala, por exemplo, pode conectar a disciplina a uma prática ecológica. As caixas depois podem ser enviadas para reciclagem, podendo o valor arrecado ser usado para uma melhoria na própria escola.
  • São planejadas reuniões e a elaboração de relatório parcial logo após cada oficina, se possível com os professores das escolas.
  • Relatório final, apresentando a experiência, limites e possibilidades do projeto.

Justificativa

O projeto justifica-se pelos seguintes motivos:
  • Pela necessidade sempre presente de se trabalhar conceitos de tolerância e intolerância e a inovação de trabalhar estes conceitos a partir do imaginário dos alunos escolares até à pesquisa empírica do armamento medieval (ou vice-versa).
  • Pela importância desta experiência na formação dos estudantes universitários envolvidos.
  • Pelo impacto comunitário. Esse é essencialmente direcionado ao público escolar juvenil, professores e estudantes acadêmicos envolvidos no projeto. Visamos a aproximação da pesquisa com o trabalho dos professores escolares e o enriquecimento de experiências de todos os envolvidos, através da troca de conhecimentos e diálogo.
  • Pela proposta de indissociabilidade do projeto de extensão com a pesquisa acadêmica e o ensino, desde o nível escolar até o acadêmico.

A considerar o planejamento destas oficinas para um grupo de alunos que estejam estudando o período medieval na escola o publico pode variar de 40 a 150 alunos para cada oficina. Como se pretende montar uma oficina por mês, durante seis meses (maio, junho, agosto, setembro, outubro e novembro), as estimativas de quantidade de público ficam entre 240 e 900 pessoas ao ano. O projeto visa atender as escolas da Grande Florianópolis, não excluindo a possibilidade de chegar a outras cidades.